Che Guevara

Che nasceu em 14 de Junho de 1928, na Argentina, filho de família de pequenos produtores rurais. Em 1953 formou-se em medicina e partiu para a Guatemala, onde apoiou o governo popular de Jacob Arbenz e se alistou para trabalhar num programa de saúde entre a população indígena empobrecida. Quando em 18 de Junho de 1954 o governo foi derrubado por mercenários apoiados pelos E. U. A., o jovem médico argentino fichado como "perigoso comunista", foi incluído nas temidas listas negras dos condenados à morte e obrigado a refugiar-se no consulado argentino durante dois meses. Neste período, Che retirou as suas primeiras lições sobre a luta emancipadora do continente americano: "que a luta revolucionária seria o único instrumento para se conquistar um poder verdadeiramente democrático, popular e socialista", e que "o imperialismo norte-americano era o principal inimigo dos povos da América Latina".
Depois de ser expulso para o México, Che entrou em contacto com a oposição cubana, ligada ao movimento "26 de Julho" que o convidou a participar na expedição para derrubar o ditador Fulgêncio Batista. Depois de um ano de preparação, 82 homens, incluindo Castro e Guevara, embarcaram para Cuba a bordo do iate "Granma". Após duros combates com as forças do ditador, ficaram reduzidos a 15 homens refugiando-se na Sierra Maestra onde tomam contacto com os camponeses. No dia 1º de Janeiro de 1959, Che à frente da 2ª coluna de guerrilheiros conquistou a cidade de Santa Clara. A Revolução triunfava em Cuba com a entrada dos "barbudos" de Castro em Havana e Che foi nomeado governador militar da província.
Em 1961 o médico guerrilheiro assumiu a função de ministro da indústria, onde defendeu uma rápida industrialização e nacionalização do conjunto da economia e a implantação de um planeamento centralizado. Estas suas posições entraram em choque com os soviéticos que pugnavam por uma Cuba não industrial e que estabelecesse uma relação de interdependência com o chamado bloco socialista europeu. Como ministro e presidente do Banco de Cuba, visitava as fábricas e canaviais e participava nos trabalhos manuais. Em 1964 viajou para África, América Latina e Ásia divulgando os ideais da revolução cubana. Em 1965 abandonou todos os cargos em Cuba - o seu ideal era a revolução mundial, um mundo mais justo e solidário, livre de explorados e de exploradores. Depois de uma tentativa revolucionária frustrada no Congo, Guevara partiu para a Bolívia onde pensava estender o movimento guerrilheiro para todo o continente latino-americano. Descoberto pelo exército boliviano e abandonado pelo Partido Comunista da Bolívia, de obediência soviética, que não queria envolver-se com o movimento guevarista, o grupo de 16 guerrilheiros foi massacrado. Ferido em combate e preso, Che foi sumariamente executado às ordens de Barrientos, que receava que um julgamento público se transformasse num palco para as suas ideias revolucionárias. O seu corpo foi enterrado clandestinamente e por mais de 30 anos o local permaneceu desconhecido.
Sobre o trágico desaparecimento do comandante guerrilheiro e sobre as esperanças que ele semeou, cantou o poeta cubano Pablo Milanés:
"Não porque caístes
Tua luz é menos alta.
Um cavalo de fogo
Sustenta a tua escultura guerrilheira
Entre o vento e as nuvens destas serras.
Não porque calado és silêncio
E não porque te queimaram,
Porque te dissimularam sobre a terra,
Porque te esconderam
Em cemitérios, bosques e pântanos
Vão impedir que te encontremos
Che comandante, amigo".
Pelas suas ideias e pelo seu exemplo, Che Guevara foi verdadeiramente um revolucionário de vanguarda. Honra à sua memória e que novos Ches se levantem para a transformação progressista deste injusto mundo não reformável - incluindo o "pantanal do Burroso".

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